
Ansiosíssimo pela estréia de Cloverfield, uni-me e assinei embaixo a carta de uma amiga enviada ao pessoal da Paramount Brasil:
"Estive pensando esses dias sobre os profissionais que trabalham em empresas como a Paramount Pictures. Principalmente sobre aqueles que traduzem nomes de filmes estrangeiros quando esses chegam ao Brasil e sobre aqueles que definem datas de estréias. Cheguei a uma conclusão: essas pessoas não devem entender nada do mundo do cinema e da cabeça de um cinéfilo. Amanhã, sexta-feira, dia 18 de janeiro, estréia nos Estados Unidos e em mais alguns lugares importantes do mundo o filme Cloverfield (também conhecido como 01-18-08), do produtor J.J. Abrams. Aqui no Brasil, pelo que vi no site da Paramount, estréia apenas dia 08 de fevereiro.
Não sei se vocês sabem, mas J.J. Abrams está há quase um ano divulgando esse filme, de forma inovadora e excitante. Uma equipe de profissionais passou muitos e muitos dias desenvolvendo ações de marketing e um ARG (alternate reality game) que todos os fãs de Cloverfield têm acompanhado ansiosamente até hoje. É um filme que mistura ficção e realidade, tanto que o primeiro nome do filme foi 01-18-08, pois nessa data algo terrível aconteceria , a conclusão do ARG seria divulgada, os fãs de Cloverfield viveriam então a história com a qual tiveram contato durante meses de divulgação, e todos iriam para suas casas satisfeitos e em estado de graça. Porém, no Brasil, pra variar, estamos atrasados, a estréia não será dia “01-18-08”, ou seja, na semana que vem, milhares de cinéfilos procurarão cópias piratas, ou baixarão na internet, porque, assim como eu, estão se matando de curiosidade e ansiedade para ver a resolução da nossa experiência. E assistir no dia 08 de fevereiro, não terá a menor graça, já que a ordem cronológica proposta pelo ARG não permite que o incidente ocorra fora da data.
Se estiver muito complicado de entender sugiro lerem:
www.cloverfieldclues.blogspot.com
Enfim, a Paramount errou mais uma vez. As empresas de entretenimento brasileiro erraram mais uma vez. É sempre assim. Alguém tem que ser pró-ativo o suficiente dentro dessa empresa para sugerir reformulações no modo de agir e de perceber o mundo do cinema. Já estamos cansados de saber que a pirataria está tomando conta do cenário. Sou totalmente contra isso, mas os estúdios devem ficar atentos ao rumo que o cinema e os fãs de cinema estão tomando, para tentar reverter a situação. Cloverfield é um exemplo explícito do que estou querendo dizer.
Os profissionais de marketing da antiga escola só pensam em números. Em datas vendedoras, em títulos vendedores, e esquecem o que pensam as pessoas que se importam com a sétima arte. Traduções de títulos são como alterar nomes de obras artísticas. Principalmente quando essa tradução ENTREGA a trama do filme, exemplo “Mulholland Drive” traduzido como “Cidade dos Sonhos”. David Lynch passou meses, talvez anos pensando no título desse filme, e como sei, ele não gosta de dar sentido às suas obras. Em vez disso, prefere que o espectador dê sua interpretação, mas não, obrigada, a Universal já nos fez o favor de colocar a sinopse do filme no título traduzido. Tenho uma infinidade de exemplos para dar e reclamar.
Escrevo apenas para que os profissionais do entretenimento pensem mais em suas ações. Pensem com carinho no público consumidor. Cinema é arte. E se for pensado como tal, acredito que a indústria cinematográfica será bem recompensada.
Mais um link interessante pra perceberem a visão que o público tem de vocês (leiam os comments):
http://www.brainstorm9.com.br/2008/01/14/estatua-da-liberdade-sem-cabeca-para-divulgar-cloverfield/
Grata pela atenção.
D.
Sou publicitária e trabalho com Arte e Interatividade."
Apoiada!!!!
Para saber mais do filme:
http://www.cloverfieldmovie.comhttp://www.1-18-08.com/